quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Diga quem te financias e te direi a quem representas - parte 3

E para, por enquanto, encerrarmos este tema do financiamento das campanhas eleitorais e a magérrima/esquálida/hiper-limitada democracia nos marcos do capitalismo, convém nos determos no país que é o luzeiro da burguesia daqui e de alhures, na Jerusalém celeste dos leitores de Veja e similares: o império estadunidense.
Olha o que foi veiculado no sítio da Folha.com, data de 24/10/2010:

Nos EUA, partidos têm arrecadação recorde após mudança na lei que facilitou doações
Andrea Murta, de Washington

Mais de US$ 3,5 bilhões foram gastos até a última semana por candidatos, partidos e grupos privados em campanhas ao Congresso dos EUA, quantia que vem beneficiando republicanos depois que uma mudança na lei permitiu doações anônimas de empresas. O dado foi calculado pela ONG OpenSecrets, que monitora uso de verba em lobby e campanhas. O grupo prevê que o total chegará a US$ 3,7 bilhões, o que tornará as eleições para o Congresso deste ano as mais caras da história -abundância que destoa da situação econômica no país. É um rio de dinheiro cuja nascente é difícil de ser apontada. A decisão da Suprema Corte que facilitou doações privadas no início do ano permite que corporações canalizem fundos para órgãos que não são obrigados a divulgar doadores, incluindo grupos partidários e a Câmara de Comércio americana. Esta, ligada ao antigo assessor de George W. Bush (2001-09) Karl Rove, enviou US$ 7 milhões a republicanos só na semana retrasada. O primeiro lugar coube a um dos centros burocráticos da oposição, o Comitê Nacional Republicano, que gastou quase US$ 12 milhões na última semana computada. Dos dez maiores financiadores de campanha dos últimos dias, seis gastam exclusivamente em campanhas republicanas. Três dedicam 100% da verba a democratas, e um dividiu doações. Seis grupos do ranking são privados e quatro são dos partidos. No total, republicanos foram agraciados com US$ 40 milhões, e democratas, com US$ 28 milhões.
Tradicionalmente mais alinhados a interesses de grandes empresas, os republicanos vêm contando com vantagens, após a mudança na lei, que não passaram despercebidas ao governo.
David Axelrod, assessor especial do presidente Barack Obama, afirmou que 'obviamente há enorme vantagem para os republicanos, mas isso não é apenas uma ameaça [aos democratas]'.'Se alguém pode entrar num escritório do Congresso e dizer, 'se você não votar como eu quero, ano que vem darei US$ 10 milhões a Karl Rove', que tipo de impacto isso terá no país?'. Para Axelrod, a própria democracia está a perigo (grifo nosso). A diferença geral vem acentuando para o lado republicano, mas esse resultado varia quando consideradas campanhas específicas. Em algumas disputas apertadas, como para o Senado da Califórnia, os democratas arrecadaram mais. Com pouco mais de uma semana para a eleição e todas as projeções apontando para ganhos republicanos, a acelerada financeira da oposição na reta final não é boa notícia para os democratas.

Colocamos em negrito as palavras, que segundo a reportagem foram proferidas por um assessor especial de Obama. Ou seja, se até o assessor do condutor do império, tem grande receio de que a dita e tão saudada democracia está em perigo, porque eu socialista, não irei proferir que sob o capitalismo e seu sistema de financiamento privado de campanhas, a democracia não somente está a perigo, como ela sequer existe e caso tenha existido, findou-se. 

E o mais legal é que alguns mais lúcidos, mesmo que atrelados ao sistema/esquema, já percebem isso.
Como dizia uma música do Rage Against the Machine: All of which are American dreams !

Não há democracia substancial no capitalismo. Há um milhar de exemplos a corroborar essa constatação.

Nenhum comentário: