terça-feira, 2 de novembro de 2010

Diga quem te financias e te direi a quem representas - parte 4

Caríssim@s, eu tinha dito que por enquanto não teceria mais comentários acerca do tema  financimanento de campanhas. Entretanto, foram veiculadas matérias na grande mídia por conta  do fim das eleições no Brasil e creio não posso deixar de publicizá-las a vocês. Seguem abaixo notícias que dizem respeito aos financiadores/doadores das campanhas eleitorais dos candidatos(as) (a cargos executivos) nestas eleições recentes do Brasil. Vamos nos deter resumidamente sobre cada matéria e quem quiser acessar cada uma das notícias, terá o atalho a sua disposição.

Marina teve como doadores: Andrade Gutierrez (R$ 1,1 milhões), Camargo Correa (R$ 1 milhão), Itaú Unibanco (R$ 1,1 milhão), Embraer (R$ 425 mil), Ambev (R$ 400 mil), Suzano Papel e Celulose (R$ 532 mil). Além das pessoas físicas: Guilherme Leal - acionista da Natura e vice de Marina - que doou R$ 12 milhões e também Eike Batista, empresário dos mais ricos do mundo, que doou R$ 500 mil.

http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=37964

Dos R$ 34,2 milhões arrecadados para a campanha de Geraldo Alckmin (PSDB), cerca de R$ 15,2 milhões foram doados por empreiteiras.
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101102/not_imp633556,0.php

Doações ocultas, que inclusive o PT foi a favor que continuassem valendo para a disputa eleitoral deste ano, são até piores, pois nem sabemos quais foram os setores do grande capital que financiaram as campanhas:
http://www1.folha.uol.com.br/poder/824295-vice-colocou-r-118-milhoes-na-campanha-de-marina.shtml

Com o grande capital endossando tais candidaturas, perguntamo-nos: a quem estas candidaturas irão representar ? Aos interesses da classe trabalhadora ou do empresariado ?

Para tomar conhecimento de quais foram os financiadores/doadores da campanha das candidaturas deste ano de 2010, proceda a consulta ao longo dos dias no sítio do TSE:  http://spce2010.tse.gov.br/spceweb.consulta.receitasdespesas2010/abrirTelaReceitasCandidato.action

Abraços a tod@s !

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Diga quem te financias e te direi a quem representas - parte 3

E para, por enquanto, encerrarmos este tema do financiamento das campanhas eleitorais e a magérrima/esquálida/hiper-limitada democracia nos marcos do capitalismo, convém nos determos no país que é o luzeiro da burguesia daqui e de alhures, na Jerusalém celeste dos leitores de Veja e similares: o império estadunidense.
Olha o que foi veiculado no sítio da Folha.com, data de 24/10/2010:

Nos EUA, partidos têm arrecadação recorde após mudança na lei que facilitou doações
Andrea Murta, de Washington

Mais de US$ 3,5 bilhões foram gastos até a última semana por candidatos, partidos e grupos privados em campanhas ao Congresso dos EUA, quantia que vem beneficiando republicanos depois que uma mudança na lei permitiu doações anônimas de empresas. O dado foi calculado pela ONG OpenSecrets, que monitora uso de verba em lobby e campanhas. O grupo prevê que o total chegará a US$ 3,7 bilhões, o que tornará as eleições para o Congresso deste ano as mais caras da história -abundância que destoa da situação econômica no país. É um rio de dinheiro cuja nascente é difícil de ser apontada. A decisão da Suprema Corte que facilitou doações privadas no início do ano permite que corporações canalizem fundos para órgãos que não são obrigados a divulgar doadores, incluindo grupos partidários e a Câmara de Comércio americana. Esta, ligada ao antigo assessor de George W. Bush (2001-09) Karl Rove, enviou US$ 7 milhões a republicanos só na semana retrasada. O primeiro lugar coube a um dos centros burocráticos da oposição, o Comitê Nacional Republicano, que gastou quase US$ 12 milhões na última semana computada. Dos dez maiores financiadores de campanha dos últimos dias, seis gastam exclusivamente em campanhas republicanas. Três dedicam 100% da verba a democratas, e um dividiu doações. Seis grupos do ranking são privados e quatro são dos partidos. No total, republicanos foram agraciados com US$ 40 milhões, e democratas, com US$ 28 milhões.
Tradicionalmente mais alinhados a interesses de grandes empresas, os republicanos vêm contando com vantagens, após a mudança na lei, que não passaram despercebidas ao governo.
David Axelrod, assessor especial do presidente Barack Obama, afirmou que 'obviamente há enorme vantagem para os republicanos, mas isso não é apenas uma ameaça [aos democratas]'.'Se alguém pode entrar num escritório do Congresso e dizer, 'se você não votar como eu quero, ano que vem darei US$ 10 milhões a Karl Rove', que tipo de impacto isso terá no país?'. Para Axelrod, a própria democracia está a perigo (grifo nosso). A diferença geral vem acentuando para o lado republicano, mas esse resultado varia quando consideradas campanhas específicas. Em algumas disputas apertadas, como para o Senado da Califórnia, os democratas arrecadaram mais. Com pouco mais de uma semana para a eleição e todas as projeções apontando para ganhos republicanos, a acelerada financeira da oposição na reta final não é boa notícia para os democratas.

Colocamos em negrito as palavras, que segundo a reportagem foram proferidas por um assessor especial de Obama. Ou seja, se até o assessor do condutor do império, tem grande receio de que a dita e tão saudada democracia está em perigo, porque eu socialista, não irei proferir que sob o capitalismo e seu sistema de financiamento privado de campanhas, a democracia não somente está a perigo, como ela sequer existe e caso tenha existido, findou-se. 

E o mais legal é que alguns mais lúcidos, mesmo que atrelados ao sistema/esquema, já percebem isso.
Como dizia uma música do Rage Against the Machine: All of which are American dreams !

Não há democracia substancial no capitalismo. Há um milhar de exemplos a corroborar essa constatação.

Diga quem te financias e te direi a quem representas - parte 2

Continuando o tema do financiamento das campanhas eleitorais, faz-se mister avaliar três notícias acerca dos gastos até o momento corrente. Ainda antes do 1º turno, haviam avaliações das maiores máquinas partidárias de que neste ano houvera um aumento considerável nos gastos para se eleger alguém para cargo legislativo federal, seja na câmara ou no senado. Foi veiculado no jornal "O Globo", 19/10/2010, reportagem de Uirá Machado:

Lideranças dos quatro partidos que mais gastaram nas eleições congressuais em 2006 -PSDB, PMDB, DEM e PT- afirmam que, neste ano, uma cadeira na Câmara dos Deputados não sai por menos de R$ 1 milhão.Há quem diga que o custo médio de uma campanha vencedora de um candidato a deputado deverá ficar em torno de R$ 3 milhões. Nas eleições de 2006, os valores declarados pelos eleitos para a Câmara ficou bem abaixo dessa estimativa. Segundo a prestação de contas oficial, o custo médio das campanhas vitoriosas foi de R$ 503 mil...O cenário inflacionado se repete na disputa entre os candidatos a senador.
Em 2006, os 27 candidatos que se elegeram para essa Casa gastaram em média R$ 1,3 milhão. Neste ano, as campanhas vencedoras devem arrecadar um mínimo de R$ 4 milhões, podendo chegar até a R$ 15 milhões.

Ou seja, os valores referentes aos gastos das campanhas eleitorais no mínimo duplicaram em relação ao pleito anterior para o preenchimento de vagas no congresso nacional. Os(as) candidatos(as) tiveram que correr atrás de empresários e empresas para poderem levantar fundos que cobrissem os gastos previstos. E a quem tais deputados e senadores representarão ? Na fria e morta letra da lei, os cidadãos de seus estados. Contudo, não é necessário um esforço desmedido para desconfiarmos e na verdade asseverarmos que os de fato representados serão os grandes doadores. Acompanhemos a próxima legislatura no tocante a questões candentes, de grande monta, estratégicas e que por esse motivo atentem contra poucos mas grandes interesses.

Já no dia 20/10, uma matéria veiculada no Estado de São Paulo, discorre sobre o aumento da previsão de gastos e a corrida em desabalada carreira de petistas e tucanos junto aos polpudos bolsos dos capitalistas nacionais:

Na tentativa de aumentar a arrecadação na reta final da campanha eleitoral, o comitê financeiro do presidenciável tucano, José Serra, enviou carta para cerca de 200 empresários que não haviam contribuído no primeiro turno. Arrecadadores do PSDB já avaliam que levantarão R$ 40 milhões a menos que a estimativa inicial....Os empresários procurados desta vez fazem parte de um grupo de companhias menores, que não haviam sido contatadas no primeiro turno, quando foram procuradas as 150 maiores empresas do País....Apesar do esforço extra nas últimas duas semanas de campanha, o PSDB já avalia que não conseguirá alcançar o teto de arrecadação de R$ 180 milhões, informado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No primeiro turno, foram arrecadados cerca de R$ 70 milhões, para fazer frente a R$ 90 milhões em custos com os programas de TV e gráficas, cujas despesas foram sendo faturadas para os próximos meses...
PT. A disputa no segundo turno das eleições presidenciais obrigou o PT a assumir uma despesa extra nos Estados que pode elevar o custo total da campanha de R$ 157 milhões para R$ 191 milhões. No primeiro turno, segundo o tesoureiro da campanha, José de Filippi Júnior, já foram arrecadados cerca de R$ 100 milhões e gastos R$ 95 milhões. O partido agora inicia novos contatos com potenciais doadores para arrecadar os R$ 91 milhões restantes para o segundo turno. "Os gastos totais devem ficar em R$ 176 milhões para o comitê de Dilma e outros R$ 15 milhões para o de Michel Temer (PMDB)", disse o tesoureiro. O PT estimava gasto para o segundo turno de até R$ 8 milhões nos Estados só para a disputa presidencial, mas o valor agora já foi revisto para R$ 25 milhões. É por conta desta diferença, segundo Filippi, que o montante global precisou ser reavaliado.

Sejamos sinceros, com campanhas que arrecadarão tais montantes, quem mais elas representam a não ser o grande capital ? 
E num país de dimensões continentais como o nosso, a publicização dos candidatos se dá nesses valores mesmos e que tendem a aumentar a cada ano.
Ou seja, a democracia nos marcos do capitalismo é uma farsa, não sendo nada mais do que uma pluto(ricos) + cracia (poder), pois quem financia faz com que alguns tenham mais publicidade e probabilidade de eleição. Após esta, quando já no poder, representarão a quem ? Aos poucos e grandes interesses dos capitalistas ou aos muitos e pequenos interesses da classe trabalhadora ?
Mistééééériooooooooooooooooooooooooooooooooooo !!!!!!!!!!!!!!!!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk


domingo, 24 de outubro de 2010

Diga quem te financias e te direi a quem representas !

Você sabe quem financia os partidos políticos, notadamente a cada dois anos, quando ocorrem os pleitos eleitorais ?
Sabe quanto custa a eleição de um deputado federal no estado de São Paulo, maior colégio eleitoral do país ?

Pois bem, um dos vários nós da democracia dita liberal, os quais amarram a mesma a ponto de torná-la inócua, é o financiamento eleitoral. No Brasil assim como na maioria dos países, o financiamento é misto: em parte público e parte privado. No que toca a este último, algo que não escapa a ninguém é que seria no mínimo ingênuo crer que quem financia a campanha de algum candidato(a) ou partido, não quererá dividendos no caso de uma vitória/eleição. Conforme comumente se diz, quem arca com o ônus cobrará bônus. Sendo assim, a democracia liberal é mais democracia ou é mais liberal ? Aboliram-se os pisos mínimos para se fazer valer a cidadania, ou seja, não temos mais voto censitário. Entretanto, os tetos máximos ainda estão longe. Apesar de limitações a gastos eleitorais, quem "pode mais, chora menos", sendo assim, o poder de definição da agenda de questões é muito maior por parte de grandes empresas do que a da maioria dos cidadãos da população brasileira. Concluímos portanto pelo raquitismo da democracia liberal, é muito mais liberalismo, adepto manifesto ou latente da plutocracia e não da demos + cracia.
Vejam o excelente artigo abaixo, veiculado na edição de maio deste ano do jornal franco-brasileiro "Le Monde Diplomatique". O artigo é assinado pelo cientista político e docente da UNICAMP, Bruno Speck, que há anos se dedica ao tema de financiamento eleitoral e corrupção. Numa nobre iniciativa, o professor mantém um banco de dados - sítio "Às Claras" -  acerca dos financiamentos eleitorais dos pleitos (atualizado até as eleições municipais de 2008) realizados no Brasil.

Banco de dados: http://www.asclaras.org.br/2008/
Artigo: http://www.brunospeck.com/images/stories/texte/Speck20100501lemonde.pdf